Porque o melhor do mundo são as crianças...
Impressão 1: O conceito de inferno não implica dor física mas o martelar dos gritinhos de alegria de pessoas com menos de 1 metro de altura. Não falo de anões do circo, mas da feira dos insufláveis em Monsanto. O silêncio fica à porta, acompanhado dos sapatos e ténis dos petizes. Pontualmente, no meio do ruído, uns balões rebentam... e aquilo que seria assustador é apenas um decibel mais forte do que o contínuo som destas labaredas infernais. Diálogo 1: - Olá, Salvador! Eu sou a Ana. Tens de me obedecer a tudo o que te disser hoje. - Sim, está bem! (Que gozo! Nunca tinha dito isto a ninguém... e apesar da pessoa em questão ter 6 anos, senti-me poderosa!) Impressionante: Conheci um menino comilão que consegue enfiar duas fatias de bolo de chocolate na boca, em simultâneo. Depois engole água e sai a correr para a brincadeira. Impressão 2: Quase vinte crianças risonhas numa jaula com doces e batatas fritas. Os pais trocam sorrisos perplexos. No entanto, sente-se a felicidade no ar... e particularmente nos ouvidos. Sobre o espaço 1: Há cerca de meia dúzia de insufláveis dentro de uma tenda que pretende passar a mensagem "O brincar ajuda a pensar, pensar ajuda a crescer". Supostamente toda esta engenharia lúdica tem um racional teórico do Prof. Doutor Enigma, protegido pelo anonimato de um traço de corrector pouco discreto. Sensação 100: Agora os meninos do cubículo 3 foram passear ao ar livre. Eu fico dentro das grades, já habituada à banda sonora envolvente. Começo a sentir sono. Será possível? Estou anestesiada pelo divertimento infantil actual. Mesmo com apitos, música foleira, balões a explodir, gritos, gritinhos e gritões, fecho os olhos. Vou tentar dormir um bocadinho enquanto os amiguitos brincam ao sol e na relva * Sensação de absorção mas ao contrário: Ah, informação de último minuto: na jaula ao lado da nossa uma miuda vomita as entranhas. Se isto fosse um filme de terror, todas as outras crianças se enojavam e vomitavam em jacto contínuo, afogando o recinto... mas isto não é um filme de terror. É só um pesadelo! Conclusão (escrita já no silêncio do meu palácio): Consigo alhear-me de algum desassossego exterior. Sobrevivi bem a esta manhã-tarde. Sinto-me cansada, mas tranquila. Um dia não são dias! Agora vou tomar benurons para a pinha... * Por lapso referi sol e relva. A minha sister corrigiu-me - eles saíram de uns para outros insufláveis, no exterior da tenda grande... |
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