Hoje acordei embrenhada num misto de obrigações a cumprir e numa sonolência incapacitante.
É quase meio-dia e devia ir tomar banho. Devia passar o fantástico swiffer-invenção do século no chão do palácio, retirar a roupa enxuta, seca, rígida, estanque e petrificada pelo abandono da corda, acariciá-la, dar-lhe um quentinho do ferro, dobrá-la, guardá-la. Não me apetece.
Preciso de pôr a máquina da roupa a girar, alegre e útil, com o aroma do sabão de marselha ou do aloé vera em lutas com glutões, nódoas e fibras. Não me apetece.
A desculpa que vou encontrando para a inércia é que ainda não terminei o pequeno-almoço. Mas já acabei os sólidos há mais de uma hora e, mesmo depois do café, aventurei-me a experimentar esse mito urbano que faz parte do nosso imaginário infantil, a bebida que aquece o coração, que pode, muito provavelmente, ser a causa de um Portugal deprimido. Se cresceram a pensar que o aquecimento de um coração correspondia ao prazer de beber brasa, então é natural e lógico que neste País só se ame com moderação e a paixão seja relegada para os comportamentos dos insanos e pouco sérios... se isto dá ímpeto vou ali e já venho... também me questiono sobre o tipo de substâncias psicoactivas que a família feliz do anúncio televisivo consumia na altura... mas esperem? o pai feliz tinha bigode, não tinha? ... pois, está tudo explicado...
Ai, homens de bigode, onde não os há?
Se eu fosse homem brincava capilarmente, barbamente, bigosamente. Ora, um dia tinha uma farta barba, suiças. Noutro dia podia apenas ter um bigode ralo, daqueles à mete nojo. Se fosse a uma festa de alto gabarito, enrolava um bigode fino para além dos lábios e treinava um tique de arranjo nervoso. Dá estilo! A mim encanta-me a diferença! Um gajo cool, bem vestido, bonito com um bigode a estragar a harmonia deixa-me maravilhada. Infelizmente há poucos. E os que há são tão sensíveis e artísticos que provocam espasmos de terror... enfim...
Tenho andado sem tempo, dizia no outro dia... hoje também não tenho muito, mas não sei o que aconteceu ao meu pijama hiper-fashion que se colou ao sofá vermelho e não me deixa levantar. Por isso escrevo para me sentir menos inútil... se calhar saio daqui a correr para o banho quando faltarem minutos para estar em Cascais, para outra party...
E com isto passo a novo assunto e reflicto sobre a escassez de informação sobre a minha vida que tenho deixado por aqui e penso que a minha família deve andar preocupada com a ideia que só ando a trabalhar na fábrica...
Assim, para a minha irmã que me lê para se sossegar, aqui fica o resumo dos últimos dias/ noites:
3ª - trabalhei, jantei fora e foi giro!
4ª - trabalhei, jantei fora e foi bom!
5ª - trabalhei, jantei fora e foi giro!
6ª - trabalhei, jantei fora e foi bom!
Sábado - não fiz nada, estou a tomar um brunch interminável e está a acontecer enquanto escrevo...
Domingo posso ir apanhar sol para o vosso jardim? Eu levo um frasquinho de brasa ;)
...
Oh, lord!!!.......
Já sei... vou definir objectivos para o fim-de-semana!!!!
1. Erguer-me do sofá?
2. Tomar um banho e lavar o cabelo com herbal essences para ser uma festa!
3. Arranjar-me e tornar-me pessoa!
4. Organizar o palácio...
5. Ir para uma festa algures no Cabo da Roca (e se me perder... medo?!), sítio estranho...
... e acabei de beber a minha chávena de brasa. Oficialmente finalizei o meu pequeno-almoço!
Au revoir!