Reflexões domésticas por Anne Marie

É inevitável!

Mesmo que pense que estou melhor ("estou melhor, estou melhor!", murmuro eu a fazer festinhas de sossego nos bracinhos e a embalar-me autisticamente), não vislumbro um fim para a minha terapia (e ainda bem, vou ficar perfeita!). Por outro lado, com o curso de reiki e o regresso às aprendizagens pela escrita criativa, resta-me pouco dinheiro para contratar uma senhora milagrosa que toque no palácio e o transforme em seda e limpeza imaculada... a prostituição ainda não é um recurso porque não me identifico com a causa e assaltar bancos é para destemidos...

Por isso, tenho duas hipóteses: ou não faço nada ou faça alguma coisa pelo meu querido lar. Opto pela segunda alternativa, até porque sou fashion e cool e não convivo bem com a porcaria.

Logo, tenho de tornar as tarefas domésticas uma actividade prazeirosa. Consulto informação fútil importante e constato que perco calorias a esmifrar o corpinho nesta arte de embelezar o palácio e até o posso fazer a ouvir músicas que estimulam o ritmo corporal. Encontro uma selecção apenas ouvida por nostalgia pirosa que se transforma num must: just a manic monday, flashdance, girls just wanna have fun, together in electric dreams.. (sim, tenho todas as músicas do mundo no disco externo)... power de gaja vinda das entranhas, momentos de dança apressada com uma esfregona, rodeada de todos os detergentes do universo, pó, swiffer... passar a ferro a bombar, estender a roupa com uma perna atrás das costas... enfim... antes isto que recorrer à droga, esse flagelo ;)

... É claro que o trabalho é interrompido por milhares de pormenores e um deles é mesmo o instinto de gatinhar e dançar bamboleante e saudosa com o Prince :) (mas isto é um aparte)