Última resolução de vida de Anne Marie!
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Variações aleatórias entre o muito bom e o muito mau... mutações emocionais constantes... o paradoxo da normalidade
Era uma avó distinta. Era formal e exigente com os outros. Era vaidosa e selecta. Nunca se habituou à vida sem criados, bailes e mordomias. Não gostava de sol em excesso e por isso acho que escolheu morrer neste primeiro dia de Verão. Quando éramos pequenos, motivava a nossa mãe a vestir-nos de igual (odeio xadrez!) e, quando começámos a ter sardas, desgostosa, chegou a comprar uma qualquer mistela para aplicar nos rostos infantis dos netos. Felizmente, os nossos pais não aprovaram este seu capricho e hoje todos temos sardas... Mas foi uma avó amiga! Pregava partidas no Carnaval! Tinha um sentido de humor muito apurado. Fazia o melhor bolo mármore do mundo e nos aniversários confeccionava o mítico bolo das 3 camadas, coberto com geassa colorida (hmmmm, adorava!)! Era a pessoa que cozinhava o melhor arroz de atum do universo! Contava histórias fascinantes dos tempos de África, alternando entre as aventuras na selva e o glamour das festas... Lembro-me que, quando entrei para Psicologia, perguntou-me se seria capaz de analisar um sonho recorrente, que a perseguia amorosamente desde os seus 26 anos: a imagem do meu Avô – o Avô Mário – que apenas reconheço de fotografias, com ela, em feliz harmonia, vivendo um casamento romântico e idílico, como se na realidade, este não tivesse sido interrompido brusca e precocemente. Ao fim de mais de 50 anos, a saudade aparecia todas as noites, impedindo-a de se dedicar, com mais determinação e energia, aos que a rodeavam... talvez fosse isso... No Natal passado ainda era a Avó Neta. Depois ficou cansada, cada vez mais exausta e nem os carinhos, beijinhos, manicures improvisadas, revistas fúteis ou o fado a motivavam... O corpo pedia paz e o olhar foi silenciando as exigências. A última vez que estive com ela não a consegui acordar. Dormia profundamente, com um ar sereno e um sorriso sossegado. Não me despedi dela. Podia dizer que não a quis acordar, mas na verdade, até tentei. Mas não consegui. Não sei bem o que sinto. Espero que não tenha tido medo de morrer. Espero que o Avô Mário tenha posto o seu fato mais garboso e a tenha ido esperar à porta do Céu com umas flores e vontade de aproveitar os anos de amor suspensos... espero bem que sim! |
Não sei se o meu percurso está a ser bem feito... dúvidas, quedas... mas também voos e momentos de felicidade imensa...
Hoje estou num período histriónico, com a sensação que é possível acreditar e esperar tudo! O possível e o não impossível!
... da minha posse virtual, moedas e notas... não muitas, mas juntas deixavam-me mais feliz e tranquila.
Não fui roubada. Creio que tudo isto se trata de um equívoco. Portugal tão generoso não pode estar a limitar a minha fabulosa espera sem capacidade monetária! Mas enquanto não recebo uma carta do presidente e 1º ministro a pedirem-me desculpas pelo incómodo, vou ser mais poupada e aguentar uma vida contida...
porque...
Esta nobre rapariga é de uma riqueza interior imensa! :) Infelizmente... é pobrezinha monetariamente... :( (mas já sabe fazer smiles e unsmiles) Se a crise continuar a subir (ou descer... AM nunca percebeu muito bem o que era pior), vai ser uma merda... qualquer dia terá de vender o corpo para pagar ao santander, os vampiros da fortuna... pode começar por pagar a próxima prestação com parte das coxas. Os órgãos internos deixa para quando os juros e o psi20 transmutarem-se (também nunca atingiu o que eram estas coisas)... Assim, update de resoluções para o resto do anaço: - indagar possíveis legais formas de enriquecer bestialmente a curto prazo sem quebrar os tabus solidamente enraizados no seu frágil-forte âmago; - continuar embrenhada na investigação emocional sobre si mesma; - inspirar boas energias, aspirar de vez em quando e respirar com serenidade; - não desesperar e assaltar o santander; - aproveitar todos os cupões, participar em todos os concursos televisivos e radiofónicos; - cantar no metro; - dançar na rua; - ... Não há muito a fazer neste país. Ser falida e exigente é uma gaita! Vou entrar em reflexão profunda e catatónica para encontrar a solução! Wish me luck! |
Apetece-me... Apetece-me algo... Apeteces-me tu... Está quase. Falta ainda tanto... (suspiro) Sol na pinha para adormecer irresponsavelmente. Livro gordo para alienar com duração. Boa companhia para poder tagarelar. Se não estivesse tão bom tempo, ficava o fim-de-semana a adorar o meu palácio! O sol entra pelas janelas e embeleza a sala, brilhante, animado, quente! Sinto-me tão confortável aqui! As paredes dizem-me, em letras mágicas neon que se apagam depois de as ler, que aqui vou ser feliz. Aqui já sou feliz. Aqui sou e serei sempre feliz aos soluços... a felicidade em continuum cansa muito, não é? Por isso aproveito um soluço sim! |